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É madrugada, a casa se encontra escura, o único som frequente é o ronco de minha mãe, que anda cansada. Eu também estou cansada, mas não consigo dormir, as horas passam lentamente, sinto-me sonolenta, mas não adormeço. Meu estômago dói, ouço ruídos dispersos ao longo da casa, me encolho, fecho os olhos, forço o sono. Fracasso. Meus pés gelam o quarto inteiro, penso em você o tempo todo, você me tortura sem perceber e talvez sem intenção. Ponho os fones de ouvido com algumas músicas lentas e calmas afim de dormir, estas só me fazem chorar. Preocupada e nervosa, sigo tola durante horas, olhando apenas o clarão iluminando as árvores do lado de fora da casa. Cansada, inerte, zangada... Não caio no sono nem que me atire, nem que me mate... Uma lenta tortura... Amanhã estarei recomposta pra você enquanto o seu mundo desaba.

D.B.4

Aconteceu naquela segunda feira, seu corpo estava contra o meu, já havia aproveitado um tanto de sua energia.
Agora repousava ao meu lado, na verdade eu estava um pouco em cima de você, de modo a te prender.
O reflexo do meu corpo nos seus olhos, os fazia parecer olhos de gato.
Você, com seus olhos de gato e seu sorriso insanamente tranquilo, o faziam parecer um mago, um bruxo.
De toda forma, parece bom.

D.B.3

Eu não o que é, mas consiste naquele dia que não dá pra confiar no céu,
Hora nublado, hora o sol castiga, hora aquele meio termo que me foge à lembrança.
Mas você sai de casa, feliz, com sua melhor roupa, tentando deixar os cabelos em ordem, sobe no ônibus e espera o melhor desempenho deste.
São esses dias em que você caminha pelas mesmas ruas de todos os dias, mas como se fossem as ruas lindas e repletas de novidades do mundo.
Esses dias em que você vai ao cinema e não sabe qual filme vai ver e gosta disso, pois sabe lá no fundo, que será divertido de qualquer maneira.
São esses minutos de espera que parecem horas, e é o sorriso involuntário que aguarda quem chega.
Está nos beijos trocados e nos espaços da frase "eu senti sua falta", ou também no toque das mãos e na distância entre a boca e o ouvido.
Está na falta de palavras pra explicar as mariposas no meu estômago e no sorriso idiota que eu não consigo disfarçar.
É o seu rosto me hipnotizando ou o cheiro do seu cabelo, ou pode ser até o que acontece quando você abre os olhos ou quando sorri.
Pode estar em mil e um motivos ou miudezas, ou nas coisas mais óbvias.
Eu não sei o que é, mas me faz muito bem.